quarta-feira, 1 de abril de 2015

E, com o passar do tempo, com a calmaria, tendo esquecido algumas lições, sabia que algo não estava totalmente certo.
Então, foi lá, leu o seu antigo diário e viu tudo o que estava vago na lembrança, o que a fez forte, o escudo que conquistou, o campo de força que se formou, a blindagem que ganhou, a barreira que construiu com cada tropeço, escorrego, cada queda e arranhão, cada machucado e cicatriz, cada monstro do mar enfrentado em águas intranquilas e, embora exalando sentimentos, paixão e sensibilidade, flutuando docemente, entendeu novamente que lições são grandes ondas de crescimento e que jamais devem ser esquecidas, entendeu de novo que, mesmo em marés tranquilas, o modo como lidar e vencer tempestades nunca deve ser deixado de lado, percebeu mais ainda que vencer águas turbulentas é mérito, é força, mas não é agradável e que é preferível aproveitar os dias calmos, navegar em águas tranquilas, mas sempre pronta. Ela entendeu, outra vez, que velejar em espelhos d'água é bom, é leve e é tranquilo, é preferível, mas que o que muito a fez quem é, ferozmente, até mesmo mais que a própria bonança, foi a força necessária nas tempestades da vida.
Então, tendo lido alguns poucos capítulos, sendo sempre a mesma, voltou a ser ela mesma, aproveitando o tempo todo e da melhor forma possível o bom tempo, sem deixar que ele a engane, sabendo que mesmo em mar calmo, depende do marinheiro conduzir bem o barco e que regras da tempestade também podem e devem se aplicar na calmaria. Sempre a velejar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário